Símbolos do Casamento
Conhecer cada símbolo do casamento mais a fundo faz com que a gente nunca mais assista a uma cerimônia como antes.
Quase tudo o que nos cerca tem algum significado escondido e eu sempre fui fascinada pela nossa capacidade de atribuir significados pras coisas. Isso torna a vida tão mais rica, tão mais interessante! Quer ver?
Aqui no Brasil a cor branca, se for réveillon, representa paz, mas se for num casamento, se torna um símbolo de distinção e de pureza honrosamente reservado à noiva… agora, se a gente pegar esses três elementos – a roupa branca, a mulher e o casamento – e transportar eles três pra Índia, essa mulher vestida de branco já não seria a noiva, mas provavelmente uma viúva, porque na Índia o branco é uma cor sem vida, de energia parada, de conformismo.
De acordo com os costumes e a cultura de cada lugar os seus significados das coisas vão mudando… outro exemplo, um terno poderia ser apenas uma roupa, sei lá, nada mais que um conjuntinho de calça e blazer, mas a verdade é que na nossa leitura, aqui na nossa sociedade, um terno é sempre mais do que isso: pode ser uma expressão da seriedade ou até do sucesso de alguém – e isso que a gente tá falando de uma coisa corriqueira, que faz parte do dia a dia, porque…
Quando a gente para pra olhar para os nossos rituais, mesmo os não religiosos, como uma formatura, uma sessão do Supremo, um aniversário… gente vai encontrar vestimentas, gestuais e até alimentos que fazem parte dessas celebrações só pra significar essa ou aquela coisa. Nos casamentos não é diferente: religioso ou não, esse é um evento carregado de representações simbólicas que, muitas vezes, estão tão arraigadas na nossa cultura que a gente até esquece de pensar sobre quais são os significados por trás delas. Hoje eu vou contar sobre a origem de três desses símbolos do casamento e eu tenho certeza que você nunca mais vai assistir a uma cerimônia da mesma maneira
buquê de noiva: o símbolo do casamento relacionado à fertilidade
Este perfumado símbolo do casamento conta com três versões pra explicar de onde teria surgido o costume de a noiva carregar flores consigo no seu caminho até o altar. Uma delas vem lá da Civilização Romana. No dia do casamento de suas filhas, as mães romanas as presenteavam com amarrados de flores para que elas levassem bons perfumes à nova vida de casada.
Nume versão um pouquinho diferente, o Antropólogo e Historiador de Cambridge Alan MacFarlane, defende que o buquê da noiva era na verdade uma espécie de amuleto contra o mau olhado. Inicialmente era composto por ervas aromáticas, com a crença de que poderiam espantar maus espíritos (muito parecido com a maneira com que nos relacionamos com alecrim e arruda hoje em dia!), com o tempo essas ervas foram substituídas por flores, consideradas como símbolos de fertilidade.
Mas a história que mais gosto vem lá da Idade Média. Naquela época, a noiva fazia o percurso até a igreja a pé. No trajeto, ela ia recebendo flores e ervas de quem quer que acompanhasse o cortejo. Assim, o buquê da noiva com o qual ela caminharia até o altar era formado pelo caminho e eu adoro esse senso de festa popular, de um evento que movimentava toda a comunidade, sabe?
CERIMÔNIA DO BUQUÊ
Essa ideia é tão bonita que, sozinha, ela deu origem a uma cerimônia contemporânea chamada de Cerimônia do Buquê, em que a noiva vai entrando pela nave e recebendo flores dos convidados e padrinhos até chegar no altar, onde o noivo espera por ela com fitas e ajuda a amarrar o ramalhete. O buquê fica mais simples do que se fosse feito por uma artista floral, claro, mas em contrapartida ele vem cheio do carinho de todos os presentes, e eu acho isso lindo!
aliança de casamento: o símbolo da eternidade
A primeira troca das alianças, foi realizada pelos Faraós do Egito aproximadamente 5000 A.C e costumava ser feita de cânhamo, couro, osso ou marfim. O costume foi incorporado pela civilização grega depois que Alexandre, o Grande conquistou o Egito, em 332 a.C e não demorou para que ele se difundisse por toda Roma – devido ao seu formato circular, sem começo e nem fim, a aliança era – e ainda é! – tida como um símbolo do casamento eterno.
Embora já tivesse virado uma tradição pagã, foi só no século IX que a Igreja Católica oficializou a aliança de casamento como um símbolo de união e de fidelidade entre os casais cristãos.
VENA AMORIS: APENAS UMA LENDA
Você já escutou uma outra versão que fala da Vena Amoris, uma suposta veia que ligaria o dedo anelar ao coração e que essa seria a razão de os egípcios terem escolhido esse dedo em especial? Claro que de forma indireta todas as veias levam ao coração, mas eu preciso te contar que isso é só uma lenda, viu? Essa famosa veia não existe na anatomia humana.
CORTEJO DE CASAMENTO: SÍMBOLO DA PROTEÇÃO
Não existe registro histórico de quando os pais passaram a acompanhar a noiva no caminho que ela percorre até o futuro marido, mas considerando a maneira com que se estruturam as sociedades patriarcais é até esperado que o homem da casa seja responsável por entregar a filha ao noivo… e a tradição não se resume só a qual a ordem do cortejo de casamento ou ao fato da noiva entrar com o pai, mas também na posição em que os dois caminham em direção ao altar: ela do lado esquerdo e ele do direito. Existe um motivo para essa definição, que teve origem entre os anglo-saxões, na época em que as noivas se deslocavam até o local do casamento carregando consigo os altos dotes dos acordos comerciais feitos entre as famílias e frequentemente os cortejos eram atacados por sequestradores em busca dessas riquezas, inclusive já dentro da igreja.
Por temor a um ataque como esse, o pai da noiva ficava no lado direito porque assim a mão com que manejava a espada ficava livre para lutar – e caso ele falhasse, a noiva era obrigada a casar com seu raptor e o pai, então, teria que entregar o dote ao sequestrador.
Pra reforçar a segurança dessa comitiva, era costume que o noivo também convocasse seus amigos leais ao mesmo tempo em que a noiva também trazia a própria escolta: provavelmente ninguém se sentia muito honrado em ser madrinha ou dama, já que essas mulheres eram obrigadas a se vestirem exatamente igual à noiva, afim de confundir qualquer raptor em potencial!
Pesado, né? O sequestro da noiva para cometer o roubo do dote é, dessa forma, um símbolo do casamento arranjado, feito apenas por parcerias comerciais e onde a mulher era vista como apenas mais um item de mercadoria a ser conquistado ou então entregue de acordo com o que os homens consideravam como uma vitória ou uma derrota. Com isso, o cortejo é o símbolo do casamento que representa proteção não necessariamente à noiva em si, mas àquilo que os homens de então consideravam como parte de suas propriedades.
ressiginificar: tradições de casamento ao loNgo do tempo
A boa notícia é que essas tradições atravessaram os séculos completamente ressignificadas, e hoje elas são totalmente voltadas para homenagear as nossas pessoas mais queridas. Hoje, o maior símbolo do casamento em vigor é o amor. Ainda bem!
Mais do que isso, atualmente muitos casais têm optado por diferentes composições de cortejo: como forma de homenagear não só o pai, mas também a mãe, muitos têm entrado acompanhados dos dois. Há noivas ainda que optam por entrarem sozinhas ou com o irmão. Cada família tem sua beleza única e o importante mesmo é encontrar a forma que seja mais significativo para cada um!
Amores, o tema “símbolo do casamento” é extenso e esses foram apenas 3 dentre tantos outros que atravessaram os séculos e aos poucos foram se ressignificando. Espero que vocês tenham gostado e se houver alguma sugestão de outros símbolos pra gente explicar por aqui, é só deixar nos comentários!
Fiquem bem e até breve!
Amor, M
Márcia Henz, celebrante de casamento na Rito Cerimônias Especiais, explica como organizou todas as cerimônias de casamento diferentes por significados, facilitando a escolha de quem deseja uma cerimônia diferente do tradicional: rituais de unidade, de transformação, interculturais e figurativos são output de seu estudo sobre as cerimônias de casamento alternativas realizadas no Brasil.