por baixo da pele
Certa vez escutei alguém dizer que mudar é a lei da vida, única coisa realmente constante em nossas existências.
Quem me acompanha desde o início sabe que foi um bonito caminho até aqui. No início, eu sentia uma pontinha de receio de que as pessoas pudessem não entender os propósitos que levaram uma menina cuja carreira estava devidamente encaminhada no “mundo da Faria Lima” a largar tudo para celebrar casamento. Não foram poucas as vezes em que vi surpresa nos olhos das pessoas ao meu redor. Eu as entendo – afinal, deixei para trás duas pós-graduações na minha área e eu não era infeliz com o que eu fazia; eu apenas desejava realizar algo que preenchesse não só os meus dias, mas também o meu coração.
Dizem que se nossos sonhos não nos botam um pouquinho de medo, é sinal de que precisamos sonhar mais alto; então eu sonhei, e nos meus sonhos as pessoas poderiam viver seus amores de acordo com seus próprios anseios, de acordo com suas próprias crenças pessoais, fossem elas religiosas ou não. Amar é um gesto de fé, e assim o amor passou a ser minha religião.
Para meu espanto, ao trilhar um caminho tão pessoal acabei descobrindo que eu não estava sozinha: aos poucos, pessoas que sentem como eu foram se aproximando e percebi que eu havia aberto um caminho lindo, que outros também desejavam atravessar. Sem querer, eu fui um canal por onde essa mensagem se espalhou.
Hoje eu sei que nunca houve um outro caminho que eu pudesse chamar de meu. A Rito é a soma das minhas melhores qualidades com as minhas mais profundas aspirações. Coloquei meu corpo e minha alma nesse projeto, e assim a Rito se tornou meu mais belo feito até aqui.
No caminho eu cometi alguns enganos de que me arrependo, alcancei alguns acertos com que me admiro, fiz novos amigos, foram tantas lições! Dia após dia, fui aprendendo a equilibrar o mundo da leveza e da inspiração que é o coração da Rito – celebrar amor – com o desafio de me tornar empresária no mundo concreto dos compromissos financeiros, impostos, burocracia… tudo isso somado à responsabilidade de que sou eu, pessoalmente, quem responde por qualquer erro cometido. Abrir empresa é um atalho forçado para a maturidade, acredite.
Esse lado não-tão-fofo da minha escolha colocou à prova aquilo que escrevi há mais de três anos e que faz parte da apresentação da Rito desde o princípio: enfrentamos ao menos um desafio por dia, e não existe isso de “chegar lá”, porque ser do bem é um atitude diária, um estilo de vida, onde o amor importa a despeito do pneu que fura, do leite que derrama e das pessoas que desapontam. O amor importa. E fazer coisas difíceis de maneira amorosa é e sempre será o grande desafio da vida.
Mas, eu dizia, o core da Rito é celebrar amor. E quando chega o momento da cerimônia… ahhh, eu lavo e alimento a minha alma!
Isso é tão forte e tão bonito que faz qualquer concretude da vida ficar muito pequenininha ao mesmo tempo em que me reabastece, me nutre. Sou uma pessoa muito privilegiada por amar desmedidamente o que faz, com pleno direito de postar #lovemyjob por aí ; )
Quando todas essas verdades se consolidaram no meu coração e me tornaram quem estou hoje, decidi mudar da mesma forma com que decidimos comprar uma roupa nova para comemorar uma conquista de vida: a mudança aparente é uma forma de externalizar o que está sendo celebrado por baixo dos panos, por baixo da pele. A Rito está de roupa nova, e o único motivo é que eu sentia que, já que algo profundo estava sendo celebrado aqui dentro, as pessoas que nos veem deveriam poder celebrar isso lá fora também.
Há quem imagine que eu sou um ser iluminado e livre de defeitos (estou longe disso, garanto). Há quem ache estranho alguém viver de amor, mas também há quem compreenda que eu sou apenas uma pessoa comum que decidiu seguir um caminho pouco percorrido. A cada passo do caminho, escuto uma voz interior que repete o que Nietzsche escreveu anos atrás: “torna-te quem tu és”; enquanto a isso soma-se a delicada voz de Carpinejar: “estou chegando, nunca chegarei. Amor é estar a caminho.”
Obrigada por sua companhia nessa jornada.
Amor,
Marcinha