Pequenos Infinitos
Dia desses, assisti mais uma vez a One Day, videoclipe do artista hebraico Matsyahu. Mesmo para quem não consegue acompanhar a letra (que é linda!), o filme passa uma mensagem tão clara quanto simples: se cada um fizer a sua parte, o mundo será melhor. Me emociona todas as vezes e eu recomendo que você assista – mas, por outro lado, uma pergunta ficou coçando sob a minha pele:
AFINAL, O QUE É “FAZER A MINHA PARTE”?
A internet é uma das coisas mais maravilhosas já criadas pela humanidade, mas seu mau uso é, também, uma de nossas maiores tragédias: vivemos em um tempo em que a intolerância saiu do armário sob diversos pretextos. Numa rápida navegação pela web não faltarão exemplos de quem dissemine discurso de ódio com a perfeita desculpa da liberdade de expressão. Não nos faltam exemplos, infelizmente, de produtores de conteúdo (da internet, da TV, dos jornais) rindo-se daqueles que procuram ser responsáveis com suas palavras, chamando-os de politicamente chatos e, o que é pior, formando opiniões e gerando bizarrices como, por exemplo, gente que não sente vergonha de expor preconceito (céus, como pode?).
TÁ DIFÍCIL SER DO BEM COM TODA ESSA TORCIDA CONTRA, NÉ?
É. MAS AÍ QUE ENTRA A TAL DA NOSSA PARTE.
Quase todos nós temos aquela amiga querida que chama cabelo afro de ‘ruim’, aquele amigão da faculdade que xinga as meninas da balada quando toma um fora, ou ainda aquele colega de trabalho que ri da senhora da limpeza porque ela fala errado. É o preconceito nosso de cada dia e sempre foi assim, mas as coisas não precisam ser como sempre foram.
Discordar de uma ideia distorcida vinda de alguém querido pode não ser a missão mais fácil de cumprir porque fomos ensinados a evitar o conflito para preservar os relacionamentos, mas que tipo de amigos seríamos nós se não jogássemos luz nas ideias obscuras de alguém que a gente gosta? E que tipo de relacionamento estaríamos preservando, se não pudermos conversar numa boa sobre pontos de vista diferentes?
Um mundo com oportunidades iguais para todos, uma cidade onde as mulheres possam andar sem medo, um universo onde a cor da pele é tão ou menos importante que a cor dos olhos:
NÃO IMPORTA QUAIS SEJAM OS NOSSOS SONHOS.
QUANDO ELES SÃO JUSTOS, É NOSSA OBRIGAÇÃO VIVER À ALTURA DELES.
E por isso, é nossa obrigação, também, dar um toque para aquelas pessoas queridas que andam por aí falando bobagens – confrontar não significa, necessariamente, brigar. Começar uma simples conversa de bar com “cara, não me leve a mal mas eu discordo de você porque…” pode gerar reflexão e ressoar profundamente dentro de alguém que não pretendia ser racista, mas reproduz esse tipo de pensamento porque sequer conhece outro. Talvez não dê certo, mas sempre vale a pena tentar. Fazer a sua parte, sabe?
Quando a gente decide ser, nós mesmos, a última linha de defesa em nome das coisas boas em que acreditamos, potencialmente uma mágica acontece: criamos pequenos infinitos na direção de um mundo melhor.
Adoro essa ideia 🙂