o cortejo da noiva
Hoje em dia, a noiva escolhe percorrer o caminho até seu marido acompanhada por seu pai e por suas damas de honra como uma forma de homenageá-los. Mas não foi sempre assim.
Apesar de não se saber o momento histórico exato em que os pais passaram a acompanhar a noiva no caminho que ela percorre até o futuro marido, se levarmos em conta que as sociedades do passado eram patriarcais é muito natural que seja o homem o responsável por entregar a filha ao noivo.
Na Roma Antiga, por exemplo, uma das modalidades oficiais do casamento era a in manu. Com ela, a mulher passava da autoridade do seu pai para a do marido. Catherine Salles, membro do comitê editorial da revista História Viva e estudiosa da cultura romana, afirma que a esposa se tornava, por assim dizer, filha deste último.
Mas a tradição não se resume ao fato de que a noiva deve entrar com o pai, já que também está presente na posição em que ambos caminham em direção ao altar: ela do lado esquerdo e ele do direito. Segundo Cláudia Matarazzo, no livro Case e Arrase: Um guia para organizar seu grande dia, existe um motivo para a definição dos lados. “Isso teve origem entre os anglo-saxões. Temendo um ataque e outras ameaças à noiva, o braço direito estava sempre livre para sacar a espada”.
Danielle Andrews Sunkel, co-fundadora do The Wedding Planners Institute of Canada (WPIC) dá mais detalhes sobre esse costume. De acordo com ela, diante dos dotes de valores altos que os pais costumavam oferecer à família do futuro genro, as noivas eram alvo frequente de sequestradores que, em muitos casos, agiam quando elas estavam a caminho do casamento ou já dentro da própria igreja. “Uma vez capturada, ela era forçada a casar com seu raptor e a consumar o matrimônio. O pai, então, teria que entregar o dote ao sequestrador”, explica Sunkel. Por essa razão, os homens sempre ficavam à direita da noiva. Dessa forma, poderiam sacar a espada embainhada na altura do seu quadril sem ferir a mulher.
E se por um lado o noivo convocava amigos leais para serem seus padrinhos e proteger sua futura esposa, por outro a noiva também não vinha sem escolta: o mais curioso, ainda segundo Sunkel, é que ser madrinha ou dama de honra nessa época definitivamente não era uma honra. Isso porque elas deveriam se vestir exatamente igual a noiva, afim de confundir qualquer raptor em potencial!
Hoje já não temos mais sequestros motivados pelos dotes e nem homens que saem às ruas com espadas na bainha, mas a tradição de o pai entrar à direita da noiva atravessou os tempos. Mais do que isso, atualmente os casais têm optado por diferentes composições na hora de atravessar a nave. Como forma de homenagear não só o pai, mas também a mãe, muitos têm entrado acompanhados dos dois. Há noivas ainda que optam por entrarem sozinhas ou com o irmão. Cada família tem sua beleza única e o importante mesmo é encontrar a forma que seja mais significativo para vocês!