Como fazer um casamento espírita
A resposta para essa pergunta remonta à França de 1957, quando a primeira edição de “O Livro dos Espíritos” foi escrita, psicografada e publicada por Allan Kardec. A obra deu origem ao espiritismo e, hoje, a doutrina já alcança mais de 1,3% da população brasileira, ou seja, mais de 2,3 milhões de pessoas, fazendo com que o Brasil tenha a maior população espírita kardecista do mundo. Chico Xavier foi, enquanto encarnado, um dos grandes responsáveis por difundir o espiritismo por aqui.
Incrível como uma doutrina tão jovem tenha conquistado tantos corações, né?
Entenda mais sobre a doutrina espírita
O espiritismo kardecista compreende Deus como a inteligência suprema do Universo e causa primeira de todas as coisas. Além disso, os espíritas acreditam que Jesus foi o mais perfeito modelo de ser humano que Deus nos enviou. Isso mesmo: os espíritas são cristãos, embora tenham interpretações diferentes das passagens do Evangelho, como se pode aprender em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
De maneira resumida, quando se pensa apenas em cartório e certidão, o casamento na visão espírita é tão-somente um contrato que representa a parceria do casal sendo selada perante as leis dos homens.
Contudo, em um casamento espírita também se acredita que a conexão, o amor entre duas pessoas também esteja intrinsecamente conectado com o plano espiritual. Segundo o Livro dos Espíritos, todos os seres humanos foram dotados da necessidade de amar e de serem amados, e que um dos maiores prazeres que a alma pode conceber é se reunir com corações que alinham ao seu. Bonito, né?
A doutrina espírita não tem rituais próprios e, com isso, cabe aos noivos conhecer e optar pelas alternativas que considerarem melhores para realizar a sua cerimônia de casamento. Exatamente: o espiritismo não impõe nenhum tipo de regra sobre o assunto, apenas oferece alguns conselhos. No entanto, muitos casais optam por realizar o casamento da mesma maneira, afinal, é um momento para celebrar e concretizar a união perante os olhares dos homens.
Sob essa perspectiva, cada casal é responsável por buscar o que considera mais adequado para a sua própria união sem nunca perder de vista tudo aquilo que puder contribuir com o seu adiantamento, seu desenvolvimento pessoal e, consequentemente, a sua evolução espiritual.
Em uma doutrina que prescinde de rituais, dogmas, cerimônias ou sacramentos, a celebração do casamento se torna o efeito de uma escolha do casal, expressando assim, também, o exercício consciente de seu livre-arbítrio. Aliás, ao lado da caridade, o conceito de livre-arbítrio é quase uma questão central na doutrina espírita, e ambos permeiam diversos aspectos de seus preceitos.
Por tudo isso e por mais um tanto, para realizar um casamento espírita é preciso, antes de tudo, conhecimento nessa doutrina para que todos os significados de fato reverberem na verdade daquele casal.
Quem celebra um casamento espírita?
Considerando que nenhuma sociedade ou centro espírita que diga os postulados da doutrina realize casamentos, se torna necessário convidar uma pessoa experiente e conhecedora da doutrina para conduzir o casamento.
Normalmente, o primeiro pensamento é convidar um tio, um padrinho ou um amigo que frequente o mesmo Centro Espírita, por exemplo (e se esse for o caso do seu casamento espírita, saiba que há caminhos para fazer esse convite sem sobrecarregar a sua pessoa querida: celebrar casamento com mais amor significa, também, que todos os envolvidos possam passar pelos preparativos sem stress).
No mesmo sentido, é importante ter em mente que o conhecimento da doutrina não é a única coisa que o celebrante escolhido precisa dominar. É preciso, também, que essa pessoa querida e abnegada receba apoio para transformar seus conhecimentos em uma cerimônia fluida e bem conduzida com começo, meio e fim. Afinal, mesmo aqueles que falam muito bem não necessariamente conhecem os detalhes a respeito de como celebrar casamento. E claro, uma outra alternativa é encontrar um celebrante social que já conheça a doutrina.
Inclusive nós aqui da Rito, já realizamos diversos casamentos baseados nessa doutrina. O resultado é sempre uma cerimônia de casamento profunda, verdadeira. A Marcinha, nossa fundadora, teve uma infância rodeada de respeito às diferentes crenças, com mãe espírita, pai católico, madrinha umbandista e tio ateu, todos respeitosamente convivendo com o livre-arbítrio de suas escolhas. Não é à toa que se tornou uma celebrante de casamento especialista em construir pontes entre as diferentes religiões, né?
Saiba qual é a importância de criar uma cerimônia profunda
O espiritismo é uma doutrina bastante voltada ao desenvolvimento pessoal de seus adeptos que, por sua vez, são compreendidos como livres para se comprometer ou não em promover seu próprio adiantamento. Assim, é esperado que em um casamento espírita se fale das virtudes humanas como compaixão, caridade, respeito, responsabilidade e solidariedade.
De acordo com seus preceitos, de nada adiantaria uma doutrina de belas palavras se estas não estiverem alicerçadas na prática daquilo que se diz. Assim, uma cerimônia de casamento pautada pelo respeito aos variados estágios de adiantamento e diferenças de crenças que se fazem presentes em toda e qualquer comunidade fraterna será capaz de conquistar o coração e o espírito de todas as pessoas presentes, sem nunca tentar se impor aos demais.
Entenda por que é importante se preocupar com o ambiente da cerimônia
Os espíritas tem uma preocupação especial com uma espécie de “limpeza energética”dos ambientes. Num casamento espírita, faz todo o sentido se preocupar com isso também. Embora, claro, não seja obrigatório. Mas afinal, porque não usar água fluidificada para abençoar as alianças ou, quem sabe, defumar o ambiente como se faz no início de qualquer palestra no Centro Espírita? Os adeptos mais engajados podem levar essa sugestão para seus casamentos.
Ainda assim, é importante saber que um casamento espírita é como qualquer outro. A menos que o casal queira, não é necessário pedir que todos se vistam de branco, ou cumprir com as sugestões acima ou mesmo fazer uma decoração temática. Pelo contrário! O espiritismo preza pela sobriedade e pelas escolhas feitas com consciência, sem nunca se impor aos demais que não estejam afinados com a doutrina.
Nesse caso, o casamento espírita se diferencia através dos conteúdos, do foco nas palavras, que certamente serão voltadas para os preceitos da doutrina. No entanto, ainda assim não é necessário fazer proselitismo: a ideia não é converter ninguém, apenas celebrar o amor e honrar as coisas que o casal mais ama e sonhou vivenciar em seu grande dia. Simples assim.
Existem, também, casais que optam por realizar a cerimônia espírita juntamente com o casamento civil em diligência para que aconteça juntamente com a celebração mais voltada para a doutrina.
A doutrina espírita não se preocupa em realizar grandes celebrações, afinal, os espíritas compreendem o casamento como uma lei determinada pelos homens. Ainda assim, é possível realizar uma cerimônia perfeita que transmita os seus pensamentos e envolva a todos os convidados (mesmo os que não tem a mesma religião ou filosofia de vida).
Agora que você conferiu um pouco da minha experiência com o casamento espírita, que tal trocarmos uma ideia sobre o assunto? Entra em contato comigo e me conta o que você achou?
Te espero!
Amor, Marcinha
Márcia Henz, celebrante de casamento na Rito Cerimônias Especiais, explica como organizou todas as cerimônias de casamento diferentes por significados, facilitando a escolha de quem deseja uma cerimônia diferente do tradicional: rituais de unidade, de transformação, interculturais e figurativos são output de seu estudo sobre as cerimônias de casamento alternativas realizadas no Brasil.