Casamento Ecumênico
Vocês já pararam para pensar nos dilemas de quem precisa planejar uma cerimônia de casamento quando seu noivo ou noiva frequenta uma igreja cristã diferente da sua ou até mesmo venha de uma família em que a religião é pautada em crenças, dogmas, costumes e, claro, rituais completamente diferentes?
Num cenário religioso tão plural quanto o do Brasil, onde coexiste uma considerável diversidade de igrejas das mais diferentes vertentes os riscos de a gente se apaixonar por alguém com uma fé diferente da nossa são grandes, né, porque tá todo mundo por aí, frequentando as mesmas escolas, os mesmos restaurantes, trabalhando lado a lado e… correndo sério risco de se apaixonarem irremediavelmente na próxima esquina, justo por alguém que tem crenças diferentes das suas.
diversidade religiosa: um traço marcante do brasil
Pra gente imaginar quais seriam as probabilidades disso acontecer, eu dei uma de curiosa e fui dar uma olhadinha dos dados mais recentes do Censo IBGE, que são de 2010, e descobri que, somando as religiões abraâmicas, orientais, espiritualistas, dentre outras… a gente tem ao menos 45 religiões aqui no Brasil! No nosso país é relativamente fácil intuir que os cristãos sejam a maioria, mas talvez não se imagine o tanto: entre católicos, evangélicos, espíritas kardecistas e algumas outras vertentes, são aproximadamente 170 milhões de cristãos diante de uma população de 191 milhões de brasileiros e, por isso, são grandes as probabilidades de duas pessoas que acreditam em diferentes vertentes do cristianismo acabem se apaixonando por aí – e aí é preciso conversar um pouco melhor sobre como será essa cerimônia de casamento, né?
Para quem vive essa tentativa de conciliação, existem dois caminhos: casamento ecumênico e casamento inter-religioso, que são conceitos que frequentemente se confundem e, nessa confusão, esses termos acabam muitas vezes sendo utilizados de maneira atrapalhada (mas hoje a gente vai desatar esse nó!). Vamos lá?
o que é CASAMENTO ECUMÊNICO?
O termo “ecumênico” é relativamente novo, começou a ser utilizado durante a Primeira Guerra Mundial em uma iniciativa do movimento protestante e com o passar do tempo esses ideais de unidade foram alcançando outras instituições até, não por acaso, se tornar mais consolidado nas décadas de 60 e 70, no auge da contracultura, o que segundo uma pesquisa publicada pela USP sobre o tema finalmente deu origem às celebrações de casamento ecumênico realizadas por representantes das primeiras igrejas que começaram a aderir a esses diálogos, ou seja: cerimônias conduzidas pelo padre católico, pelo pastor anglicano ou então batista…
Embora nem todas as congregações cristãs sejam oficialmente signatárias desse movimento, o que se procura é adotar a abordagem mais ampla possível para que nenhum Cristão seja excluído dessas intenções de conciliação, e naturalmente, o casamento faz parte disso e hoje, é bastante comum a gente encontrar celebrantes de casamento, celebrantes sociais, como eu, dispostos a criar cerimônias que congreguem diferentes vertentes cristãs
Para o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, o ecumenismo é muito mais do que a reunião de determinadas igrejas cristãs que apenas se toleram em alguns pontos de fé. Pra eles essa seria a concretização da filosofia e da prática cristã alicerçada no amor. Lindo, né?
Uma vez que a gente entende que a palavra ecumenismo tem sua origem intrinsecamente ligada ao cristianismo e que casamento ecumênico tem a ver com o casamento entre cristãos, naturalmente a gente passa a precisar de algum outro termo para nomear os casamentos que acontecem entre pessoas de religiões diferentes sendo que pelo menos um dos noivos é não-cristão.
Vamos, então, falar também de casamento inter-religioso? Semana que vem esse post estará no ar, então se inscreva em nossa newsletter para receber amor diretamente em sua caixa de entrada e não perder nenhum conteúdo, de corpo e alma!