Aliança de Casamento
Desde que comecei a escrever essa série, tenho refletido sobre como as tradições do casamento sobreviveram ao tempo apesar das transformações tão intensas pelas quais a sociedade passou. Mudou o modelo de governo, a religião predominante, o sistema econômico, a forma das pessoas se agruparem e até o próprio casamento, que hoje não é mais baseado em interesses políticos e financeiros. Apesar disso, há símbolos que usamos nos ritos de hoje que são tão antigos quanto as primeiras civilizações.
É o caso das alianças de casamento. De acordo com a Encyclopedia Britannica, os primeiros a usá-las foram os Faraós do Egito. Devido ao seu formato circular, sem começo e sem fim, ela era tida como um símbolo da eternidade e costumava ser feita de cânhamo, couro, osso ou marfim. O costume foi incorporado pela civilização grega depois que Alexandre, o Grande, conquistou o Egito, em 332 a.C e não demorou para que ele se difundisse por toda Roma. O anel, agora de ferro, passou a representar a promessa de casamento.
em que mão se usa a aliança de casamento?
Aliança de casamento se usa na mão esquerda!
Reza a lenda que os romanos começaram a utilizá-lo no dedo anelar da mão esquerda porque se acreditava que ali passava a vena amoris, que do latim significa a veia do amor, e que estaria diretamente ligada ao coração. Hoje é inteiramente sabido que sua suposta existência não passa de folclore mas, mesmo assim, a crença nessa lenda persiste há séculos: vena amoris foi registrada pelo filósofo e escritor romano Macrobius, por volta no ano 370.
Embora já tivesse virado uma tradição, foi no século IX que a Igreja Católica oficializou a aliança de casamento como um símbolo de união e de fidelidade entre os casais cristãos. Quatrocentos anos mais tarde, por recomendação do Papa Inocente III, surge o anel de noivado – e com ele, a cerimônia de noivado. Segundo o Pontífice, deveria haver um período de espera que deveria ser observado entre o pedido de casamento e a realização do matrimônio – por conta disso, o anel de noivado passa a representar também que a noiva já estava prometida. Segundo a historiadora brasileira Mary del Priore, o anel de noivado ganha pedras preciosas para se diferenciar da aliança, mais sóbria e discreta.
De acordo com Diana Scarisbrick, historiada especializada em joias e autora do livro “Rings: Jewerly of Power, Love and Loyalty” (sem tradução para o português), uma das primeiras referências literárias à aliança de casamento é feita no século XV. Na obra “Divina Comédia”, de Dante, Nello dei Pannochieschi jura fidelidade a Pia di Tolomei entregando-lhe um anel com uma pedra. Da mesma época, também se tem um dos mais antigos registros históricos sobre a aliança de noivado. Nele, se fala sobre um anel com brilhante dado pelo arquiduque Maximiliano da Áustria à Maria da Borgonha, em 1477. “No noivado, Sua Graça deve dar um anel de diamante e também um anel de ouro”, era uma das recomendações alinhadas pelos assessores da Corte.
537 anos depois desse episódio, a tradição permanece tão viva que ainda hoje a troca de alianças é muito aguardada pelos noivos. É depois desse momento que, definitivamente, eles se tornam casados! É por causa disso que cada vez mais as noivas procuram formas de torná-lo ainda mais especial. Quem não morre de amores ao ver avós e avôs, sobrinhos e sobrinhas e até os cachorros dos casais levando os anéis até o altar? São instantes de pura emoção e alegria – além de ser uma linda homenagem!
Quer saber em qual momento ocorre a troca das alianças na cerimônia de casamento? Escreva pra gente!