A minha, a sua, a fé de cada um
Filha de mãe kardecista e pai católico, sou de uma família grande onde há, ainda, umbandistas e agnósticos, além de simpatizantes de filosofias orientais inspiradas nos princípios do budismo e do hinduísmo.
Que salada, né?
Crescer em uma família tão diversa fez de mim uma pessoa sincrética; para mim é fácil enxergar beleza na crença do outro porque, falando de maneira simplificada, todas as religiões pregam o amor, a compaixão, o senso de comunidade e o auto aperfeiçoamento.
Lembra do Piscine Patel, de ‘As Aventuras de Pi’? Nesse sentido, sou como ele: na construção da minha Fé, abarco crenças com respeito e curiosidade. Quando compreendo a religiosidade de alguém – ou mesmo a falta dela – é como se o mundo ganhasse significados inteiramente novos, poéticos e, bem, divinos.
ASSIM, MINHA FÉ É DE AMÉM, DE AXÉ, DE NAMASTÊ, DE ODOYA.
Fé é acreditar em algo maior que nós mesmos com o que temos de mais profundo e sensível; é entregar-se a algo que é tão grande quanto invisível. É costume existente em todos os povos, dos jesuítas espanhóis aos maori neozelandeses, passando pelos sarracenos marroquinos e dando a volta ao mundo em formas tão, tão diversas. Acreditar é intrínseco à experiência humana. Que lindo.
Algo em mim me diz que há um Deus, que seu princípio fundamental é o Amor e que esse amor é justo; mas me sinto humilde em afirmar que eu não sei em qual livro está escrita a verdade absoluta, então aprendi a honrar a crença do outro sem julgar sua forma ou seus dogmas: se eu estiver em uma Catedral, ajoelho e rezo o Pai Nosso. Se estiver em um Centro Espírita, silencio e aceito o passe. Se estiver na beira do mar, peço licença e proteção a Yemanjá. Por si só, a Fé é meu verdadeiro Templo, porque a minha religião vive no coração e no gesto. A minha religião é o amor.
LOVE IS MY RELIGION
Eu acredito que, dentre tantas outras coisas lindas, amar é um gesto de Fé: é colocar todas as suas fichas, sem reservas, na ideia de que através desse sentimento o mundo será um lugar melhor. E nada disso é limitado apenas ao amor entre um casal: amor por um filho, por uma cidade, por uma causa justa, todos esses amores são capazes de transformar a nossa percepção de realidade e nos tornar mais solidários, generosos, empáticos.
Naturalmente, isso é uma tarefa bem difícil de ser completada, é desafio para uma vida inteira – mesmo os mais religiosos admitem que não vivem permanentemente em estado de graça, e sim em eterna batalha contra seus próprios demônios enquanto persistem no seu caminho de Fé, seja ele qual for.
Quanto a mim, o objetivo é conseguir amar até os reacionários do facebook, e se você conseguir essa façanha por favor deixe nos comentários porque eu quero beber da sua sabedoria.
REFLEXÕES
O meu jeito de pensar é apenas uma gota num oceano de pensamentos diferentes do meu. Com carinho e respeito, podemos criar uma conversa construtiva 🙂
Em tempos de ódio, ouvi dizer, é melhor andar amado.
Com fé,
Marcinha